terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Poema de Sexta-Feira

Ao lado vejo dourada foto dos teus encantos.
Meus olhos lânguidos presos em tua fronte
Que perto me elucida a sonhar e sonhar
Perdido entre dedos e sussuros nos longos cabelos teus.


Olho-te firmemente a iris que te identifica única
És profundamente agraciada pelo teu carisma
Que te beijo a boca somente com meus olhares
E me faço parte em torno de tua alma e tua calma.


Qual colo mais calmo me faz fechar os olhos
E nele criar mundos tão simples em nossa quimera?
Qual sinuação mais clara que as curvas de tuas maçâs
De um sobre querer mais que o bem querer?


E te prendo somente em uma fotografia viva.
É a minha memória de nossas vidas futuras.
É o teu gosto ainda marcado em minha boca
E o teu cheiro a me fazer crer no amanhã e no depois.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

POEMA


Essa ausência tua interrompe a calma
Soturnamente peço ao meu coração que pare
Sinto-o fora de meu corpo, rasgando-me a alma
Fatalemente in attesa de la fiore altresi a tornare.


És questa terribile dolore al petto
Que me bate forte em águas turvas e frias
Reclamando a saudade aprisionando-me em um gueto
Sem ruelas, somente sopros ausentes de companhias


Sou eu, clamando a presença que me acompanha tão amigalmente
Em dias de euforias ou simples noites de desvelos aprisionados
Não sei se mais forte é a saudade que me maltrata algozmente
Ou os irrisórios desejos presos na dor que serão deflorados.


Se saírão de mim e passarão de um sonho à eterna vida
Pouco terei de encontro às respostas de minhas dúvidas
Andarei em gritos e gritos a procura da rosa florecida
Entre as dores de um beijo e as ilusões já vividas.

Eduardo Furtado

sábado, 16 de janeiro de 2010

O DESESPERO DA AUSENTE



O que amor senão palavra tola?
Quão tola palavra se torna o amor!
Já não sei se o tal amor, existe em palavra
Ou a palavra existe no que se chama amor

Não forte, não fraco, não fato
Amor em limites presos, em laços cortados
Em pouco recato, em desejo de se ouvir
Não apenas amor, o que se ouve, nem o que se sente.

Tive um dia a certeza que viveria desse mal...
A certeza que tive foi que desse mal tive a minha morte
E nela vivi sem dor, por que a dor era a vida...
Quanta solidão em um único ser...

Quanta solidão em minha tese francamente aberta
Desculpe, mulher... mas é difícil domar-te o conhecimento
E compreender que a maneira de tratar-me é tão febril
O oposto da transparente vertigem do que chama amor.

Dizes-me que a mudança seria essa
Não tocaria o ventre à loucura que me fazia teu
Loucura de acreditar que me querias
Quão tolo me torno eu...

Justamente quando me mais de ti o preciso era preciso
Deixei-me de ser poeta para ser homem amedrontado
Deixei-me o que me tremia para o que me matava
Saibas, mulher, cravaste teu punhal em meu peito

E dele vi-me jorrar aos montes meu amargo mel
Apodrecido com a fatal de sanidade dos versos meus
Que louco acreditei um dia alimentar-se em verdade
Tão inocente fui, que até os pés beijei-te à toa.

Aqui, sim, não sei se aprendi crer no essencial
Ou se a essência da vida prendeu a mim
Sob castelos e masmorras levantadas sobre sentimentos
Ou se já morto estava caminhando feito pedra.

Não se admire caso meu canto parar de te chamar
És bruta, oh mulher das loucas insanidades
És infante do exercito contra meu peso apaixonado...
Por que me trata como pobre mendigo à tempestade?

Suportaria elevar esta dor que rasga a alma
Mas não quero sofrer por quem me mostrou a felicidade
Não quero... não devo... apenas ao som cativo, morro
E hoje bem acomodado em meu sepulcro

Que tu nem ao trabalho de ajudar cavar teve-lhe pouco
Fui louco! Desvelei o carinho sobre tua frieza
E nela queime-me de tanta decepção
E nela deixei-me crer, e nela deixe de ser-me

Não queria que fosse assim...
O brado forte que me saia, fraco perdeu-se afim
E é essa a lastimável sina de quem sonha
Sonha chorando e vive morrendo.